História


Arquiteto e fotógrafo, com obras de referência em ambas as áreas, Victor Palla foi também pintor, ceramista, designer gráfico, tradutor, editor, galerista e animador de muitos projetos. Faleceu a 28 de Abril com 84 anos, em Lisboa, onde nascera em 1922. Aqui estudou arquitetura, antes de se transferir para o Porto, para se licenciar em 1948, sendo diretor da Galeria Portugália e um dos dinamizadores das Exposições Independentes, ao lado de Fernando Lanhas. De regresso a Lisboa, participou nas Exposições Gerais de Artes Plásticas, em diversas disciplinas e em quase todas as edições entre 1947 e 1955.
No início da década de 50 foi um dos modernizadores da arquitetura portuguesa, seguindo os princípios funcionalistas do Estilo Internacional com particular radicalidade plástica, sob influência brasileira. À intervenção teórica e de divulgação em revistas (algumas sob a sua direcção) juntaram-se obras como a escola do Vale Escuro, de 1953, projetada com Joaquim Bento de Almeida. Com atelier conjunto durante 25 anos, a dupla de arquitetos teve ação relevante na renovação dos espaços comerciais de Lisboa, em paralelo com Keil de Amaral e Conceição Silva. Em especial, ficaram a dever-se-lhes os novos cafés e snack-bares Terminus, Tique-Taque, Suprema, o antigo Pique-Nique, no Rossio, e o Galeto, já em 1966. O seu talento multifacetado manifestou-se no dinamismo espacial e material dos volumes arquitetónicos, conjugado com o design inovador do mobiliário e da iluminação, adequados aos novos consumos da «vida moderna».
Enquanto fotógrafo, Victor Palla é autor, em parceria com o também arquiteto Costa Martins (1922-1996), de «Lisboa, Cidade Triste e Alegre», onde um sentido humanista afim do neo-realismo italiano se pôs à prova nos domínios do grafismo e da impressão com grande energia experimental. Publicado em 1959, o livro foi redescoberto, e redistribuído, em 1982, e tem vindo a ser internacionalmente valorizado como uma das realizações editoriais mais significativas do seu tempo, referido por Philippe Arbaizar na revista do Centro Georges Pompidou, em 2002, e por Martin Parr e Gerry Badger, na história «The Photobook», em 2004. A sua publicação fac-similada encontrava-se em preparação por uma importante editora internacional.
O Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian dedicou a Victor Palla uma retrospetiva fotográfica em 1992, incluindo obras mais recentes, e o Centro Português de Fotografia atribuiu-lhe o Prémio Nacional em 1999. 
  In, Expresso (2006)

 
Victor Palla


A Escola do Vale Escuro - E.B.1 Arquitecto Victor Palla



No século XII, esta zona já se chamava Vale Escuro, mas só começou a fazer parte da cidade de Lisboa a partir de meados do século XX. Os terrenos foram sendo ocupados por bairros clandestinos de barracas e pelo cultivo desordenado de hortas. Por volta de 1950, o Vale Escuro foi urbanizado e foi construída a nossa escola, com projeto dos arquitetos Bento de Almeida e Victor Palla, de 1954. Quando foi construída, a escola estava dividida em duas, (masculino e feminino) com salas de aula, recreios e refeitórios separados. Tinha 16 salas de aula para 40 alunos cada e um painel decorativo à entrada, desenhado pelo pintor Júlio Pomar.

Painel decorativo de azuleijo


Entrada da E. B. 1 Arquitecto Victor Palla

Vista panorâmica para a Escola E. B. 1 Arquitecto Victor Palla


Inauguração da E. B. 1 Arquitecto Victor Palla

Imagens e Texto fornecido pela atividade Kivo: Explorar a Cidade - Penha de França do Arquivo Municipal de Lisboa.